sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

IMPORTÂNCIA DA HISTÓRIA CLÍNICA E EXAME FÍSICO NAS DOENÇAS CARDIOVASCULARES

Em primeiro lugar, o médico pergunta acerca dos sintomas que sugerem a possibilidade de uma cardiopatia, como dor torácica, insuficiência respiratória, edema dos pés e tornozelos, palpitações, febre, falta de forças, fadiga, perda de apetite e mal-estar geral, que podem apontar directamente para uma perturbação cardíaca.
Depois pergunta-se ao doente sobre infecções, exposição a produtos químicos, uso de medicamentos, consumo de álcool e tabaco, ambiente familiar e laboral e actividades recreativas.
Por último, é necessário saber se algum membro da família teve doenças cardíacas e/ou outras perturbações e se o doente tem alguma doença que possa afectar o sistema cardiovascular.

NO EXAME FÍSICO é importante registar o peso, os sinais vitais como pulso, tensão arterial, temperatura e estado geral.

É importante determinar a cor da pele, dado que a palidez ou a cianose (uma coloração azulada) indicam anemia ou escasso débito sanguíneo. Estas características revelam que a pele recebe uma quantidade insuficiente de oxigénio através do sangue por causa de uma perturbação pulmonar, de uma disfunção cardíaca ou de problemas circulatórios de índole diferente.

Palpa-se o pulso nas artérias do pescoço, por debaixo dos braços, nos cotovelos e nos pulsos, no abdómen, nas virilhas, por detrás dos joelhos e nos tornozelos e nos pés, para se assegurar de que o fluxo de sangue é adequado e simétrico em ambos os lados do corpo. Controla-se também a pressão arterial e a temperatura corporal; qualquer anormalidade pode sugerir uma cardiopatia.

É importante examinar as veias do pescoço, já que estão directamente ligadas à aurícula direita e dão uma indicação do volume e da pressão do sangue que entra no lado direito do coração. Para esta parte do exame solicita-se ao doente que se deite com a parte superior do corpo elevada num ângulo de 45 graus. Por vezes, o doente poderá sentar-se, pôr-se de pé ou deitar-se.

O médico pressiona com o dedo a pele dos tornozelos e das pernas e, por vezes, a parte inferior das costas, com o objectivo de detectar uma acumulação de líquidos (edema) nos tecidos que se encontram por debaixo da pele.

Usa-se um oftalmoscópio (instrumento que permite examinar o interior do olho) para observar os nervos e os vasos sanguíneos da retina (a membrana sensível à luz que se encontra sobre a superfície interna da parte posterior do olho). Podem encontrar-se anomalias visíveis na retina em caso de hipertensão arterial, diabetes, arteriosclerose e infecções bacterianas das válvulas cardíacas.

O médico observa o tórax para determinar se a frequência e os movimentos respiratórios são normais e depois percute no peito com os dedos para saber se os pulmões estão cheios de ar, o que é normal, ou então se contêm líquido, o que é anormal. A percussão permite também determinar se a membrana que envolve o coração (pericárdio) ou a que cobre os pulmões (pleura) contêm líquido. O fonendoscópio emprega-se para auscultar os sons da respiração e determinar se o débito respiratório é normal ou se há uma obstrução, assim como se os pulmões contêm líquido devido a uma perturbação cardíaca.

O médico coloca a mão sobre o tórax para determinar o tamanho do coração e o tipo e a força das contracções durante cada batimento. Por vezes, um fluxo de sangue anormal e turbulento dentro dos vasos ou entre as cavidades do coração provoca uma vibração que se percebe com as cabeças dos dedos ou com a palma da mão.

É também possível identificar com um fonendoscópio os sons diferentes provocados pela abertura e pelo encerramento das válvulas cardíacas (auscultação). As anomalias nas válvulas e outras partes do coração criam turbulências na circulação sanguínea que geram sons característicos denominados sopros cardíacos.

Um fluxo sanguíneo turbulento aparece geralmente quando o sangue passa pelas válvulas estreitas ou que não fechem bem.

Nem todas as doenças cardíacas provocam sopros e nem todos os sopros indicam uma perturbação. Geralmente, as mulheres grávidas têm sopros cardíacos pelo aumento anormal da velocidade do fluxo de sangue. Estes sopros inofensivos são também frequentes em crianças pequenas e nos idosos devido à rapidez com que o sangue atravessa as pequenas estruturas do coração. À medida que as paredes dos vasos, as válvulas e outros tecidos vão amadurecendo com o envelhecimento, o fluxo sanguíneo pode tornar-se turbulento, embora não exista uma doença cardíaca prévia grave.

Colocando o fonendoscópio sobre as artérias e as veias em qualquer lugar do corpo, podem-se detectar sinais de fluxo turbulento, chamados sopros, provocados por um estreitamento dos vasos ou por comunicações anormais entre eles.

Por último, examina-se o abdómen para determinar se o fígado aumentou de volume devido a uma acumulação de sangue nas principais veias que conduzem ao coração. Uma dilatação anormal do abdómen, devida a retenção de líquidos, pode indicar uma insuficiência cardíaca. Examina-se também o pulso e o diâmetro da aorta abdominal.
Dr Jorge Neves

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